Em 30 de agosto de 2025, uma opinião de Vikrant Sharma, CEO da Cake Labs, destacou as implicações da decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos de não julgar o caso Harper v. Faulkender. Ao permitir que a decisão de um tribunal inferior permanecesse, a Suprema Corte confirmou que a doutrina centenária do terceiro interessado se aplica aos registros públicos de blockchain. Sob essa doutrina, quaisquer dados compartilhados voluntariamente com um provedor de serviços perdem as proteções da Quarta Emenda, tornando os registros de transações on-chain sujeitos à vigilância governamental sem mandado.
A decisão autoriza efetivamente autoridades fiscais, promotores e empresas de análise privada a acessar e compilar extensos históricos financeiros sem supervisão judicial. Fornecedores de análises forenses de blockchain, prosperando nesse ambiente recém-sancionado, já viram seu mercado de análises mais que dobrar, chegando a uma estimativa de 41 bilhões de dólares em 2025. Suas heurísticas de agrupamento identificam mais de 60% dos fluxos ilícitos de stablecoins, demonstrando a diminuição do pseudonimato dos usuários e representando riscos significativos de privacidade para atores benignos.
Sharma argumenta que as salvaguardas constitucionais para finanças digitais ficaram atrás dos avanços tecnológicos. Diferentemente dos extratos bancários, que tradicionalmente requeriam mandados, os dados públicos on-chain não possuem uma camada de privacidade embutida. Como resultado, hábitos pessoais de gasto, distribuições de folha de pagamento e doações políticas ficam vulneráveis à exposição perpétua. O autor sustenta que apenas avanços em engenharia criptográfica, como a integração padrão de protocolos de transação que aumentam a privacidade, podem restaurar interações confidenciais dos usuários.
Técnicas emergentes — que vão desde identificadores estáticos e não vinculáveis para recepção até computação multipartidária para ofuscação de entradas — oferecem caminhos para reforçar a privacidade. Esses métodos evitam pools centralizados de mistura e complicam as heurísticas padrão de agrupamento, mas permanecem como recursos opt-in, limitando sua adoção. Sharma alerta que, a menos que desenvolvedores, custodiante e redes layer-2 elevem a privacidade a um padrão padrão, o ecossistema corre o risco de se tornar o sistema de pagamento mais vigiado da história.
O artigo conclui que ignorar a privacidade coloca em risco tanto a adoção do consumidor mainstream quanto a participação institucional. Com pagamentos de criptoativos projetados para crescer 82% até 2026, porém taxas de adoção abaixo de 3%, as percepções de confidencialidade serão fatores-chave para o crescimento. Gerentes de portfólio e custodiante enfrentam uma urgência: integrar ferramentas de privacidade por design ou ceder a confiança dos usuários para análises intrusivas. A posição da Suprema Corte destaca a necessidade de soluções técnicas para proteger as liberdades financeiras digitais na era digital.
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